No gabinete, durante uma conversa informal com seus acessores, o presidente tentava achar uma saída para sua crise.
--- Ai meu padinho cisso, i agora? -- diz ele, passando a mão de quatro dedos sobre a testa coberta de suor ---O quié qui nóis faiz? Eu num posso dechar os cara contá a verdade sobre a bufunfa... ia pegá mal, meus cumpanhêru!!!
--- O cumpanheru presidenti, a coisa tá ficanu preta. Du jeito qui os hómi aperta, o lance vai cabá vazanu!!!
O presidente, sentindo uma forte azia, olha para seus acessores desolado. Por fim, aperta o botão do interfone da mesa e chama a secretária gostosa ---Ô cumpanhera Deuza, mi faiz uma ligação cum o cumpanhero Mélubio. Dipressa!!!
Menos de um minuto depois, o interfone toca e o presidente ouve a voz sensual da secretária informando que iria transferir a ligação.
--- Cumpanhero, nóis precisa se reuní! Vem prá cá o mais dipressa possível, mas vem disfarçado, qui si alguém vê ocê entranu aqui, vai sujá pro meu lado!
Duas horas mais tarde, a secretária gostosona do presidente bate à porta, anunciando a presença do senhor cumpanhero Mélubio. O presidente e seus acessores quase engasgaram ao avistar a figura de Mélubio, usando peruca e vestido. Era uma baranga barbada de marca!! E ainda estava usando um modelito da Daslu, com bolsinha da Louis Vuitton e tudo mais.
--- Seu presidente cumpanheiro, vim o mais rapído qui deu! Peguei aqui umas roupa da Dona Jeanne Mary e mi mandei pra cá num fusca invenenado qui ela tinha na garage!!
--- Hehe --- o presidente fez um esforço para se conter --- Mélubio, as coisa tão feia pro teu lado. Mais ocê tem di continuá neganu... Si us hómi discobre di ondi veio a grana, o paíz vai pro buraco diveiz. E si o paíz fô pru buraco, o meu sonho e dus ôtro cumpanhero di transformá isso aqui numa Cuba gigante vai prás cucuia. Vô contá cuntigo, hein cumpanhero. Olha qui o meu uniforme di ditador já tá até prontu. Ocê tem di vê, verde musgo, cum uns detalhe verde petróleo, tem uma baita estrela vermelhona nas costa. U chapéu panamá foi feito sob medido pru meu cabeção e já até incomendei umas caixa de charuto cubano cum nosso cumpanhero Fidel. A nova bandeira do Brazill, com uma estrelona nu meio, bem onde tinha aquela bola azul tamém já tá prontinha. Num vai mi falhá, né? Nega tudo, ocê num sabe di nada. Num sabe nem quem é o teu pai. Si ti perguntarem quem é o presidenti do paíz diz que num sabe tamém! Si ficá dificil, alega amnésia ou autismo, como eu!!!! Tô contanu contigo cumpanhero. Si ocê num me traí, ti dô o estado do Amazonas todinhu pra tu mandá!! E ainda ti dô um passi pra ver a cumpanhera Jeanne Mary treis vez pur semana!!!
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Dois dias depois, após amargar mais de 10 horas numa CPI insuportável, onde corruptos (e nem tão corruptos) apontavam-lhe o dedo exigindo explicações para coisas que eles já sabiam (porque muitos deles também faziam parte do esquema milionário de troca de maletas Louis Vuitton -- com o inocente propósito de garantir que os políticos do país tivessem malas de boa qualidade) Mélubio, não suportando mais a pressão, resolveu ceder.
--- Tá bom, tá bom... ocês qué sabê di ondi veio o dinhero? Eu contu. Mais putz, depois eu quero ir durmi qui meu saco tá cheiu!!! Vamo lá: 200 milhão eu recebi pessoalmenti do turco.
--- Que turco? --- pergunta o deputado sedento, sabendo que, se conseguisse prejudicar bem o companheiro Mélubio, iria "tirar o dele da reta".
--- O turco... aquele turcão!!! O hómi veio, tudo enrolado, numa mão trazia a mala cum a grana em diamante. Na ôtra, trazia a bomba atômica. Ele disse qui tentô trocá us diamante, mas era tudo pedra di Serra Leoa. I pra piorá, ele anda sofrenu cum um imbargo dos gringu desdi qui jogô umas bomba nas torres gêmea.
--- O Ossama?
--- É! Depois, 150 milhão eu recebi do Huguitu! I mais 210 do Fidelito. Maiz isso foi pra garantí qui, quandu u presidenti fizesse do Brazill uma nova Cuba, ele criasse a cúpula dos comuna. Na verdadi, era idéia do Huguito mandá as farc matá a Eminência Parda do presidenti, pra fica o Fidelito no lugá.
--- Você tem certeza disso? --- perguntou o deputado, quase babando e parecendo um lobo esfomeado.
--- Daí, uma grana ai, tipo uns 300 milhão veio di vários cára junto; foi o Kadaff, o presidente da Coréia do Norte, a mãe do Saddam Hussein, o Unnabomber...
--- A mãe do Saddam? E ele ainda tem mãe?
--- A tem sim, tu tinha qui vê, a maió mocréia!
--- Certo --- continuou o deputado, pasmo ao ver até onde a podreira chegara. Intimamente ele se sentia um tolo. E ele que se achava o bom, o informado, o comprado. Imagine, tinha ganhado 80 mil, que gastara com a Jeanne Mary e suas garotas. E pensar em todo aquele dinheiro, vindo de mentes muito mais criminosas que ele. A vergonha o fez corar. --- Continue senhor Mélubio, continue. De onde veio o restante?
--- Bom, o resto da grana veio di um cara muitu estranhu. Achu qui era novo pelas banda... O cara divia di tê vindo da praia, era vermelho qui nem um camarão! I cherava muitu estranhu. Mas u mais ingraçado era qui ele tinha tipo uns chifre - si eu fossi ele ficava di olho na patroa, sabicomé!!! Intão, como eu tava dizenu, o cara tinha um chero muitu ruim, a patroa num tava cuidanu dele. Ele apareceu um dia aí, você vai tê di perguntá isso direito pru Malério, porque foi ele quem recebeu o cara pela primeira vez. Mais intão, o cara veio cum uma maleta enorme, e tinha lá quase um bilhão. Ele dissi qui ia dá pra genti, sem cobrá nada em troca. Qui a gente acertava nuns 40 anos. Largô a maleta e foi imbora.
--- E o senhor não ficou sabendo o nome dele?
--- Ah, tipo assim, ele falou pra genti chamá ele de Lú!
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Algumas horas depois, no gabinete presidencial, a secretária gostosona estava quase enlouquecendo com tantas chamadas telefônicas. Só o Papa já havia ligado umas 10 vezes. O presidente, suado, segurando na mão direita uma garrafa de vidro transparente olhava para a Eminência parda sem saber o que fazer.
--- Mélubio disgraçado, filhu di uma fuinha. Eu disse pra ele num abri u bico.
Sentado atrás da mesa de madeira do século XVI, em sua poltrona de design sueco coberta com uma felpuda capa de vison, com seu gato persa branco no colo, ao qual acariciava com a mão perfeitamente manicurada e coberta de anéis de brilhantes, a Eminência Parda, que nesse dia estava usando um elegante Ermenegildo Zegna de Us$3.500 disse: --- Não se preocupe, companheiro Lula. Eu vou me recolher por hoje e pensar. E amanhã, faremos a mesma coisa que fazemos todos os dias.
--- I u qui é isso Cérebro (digo, Eminência Parda)?
--- Ora Lula, tentar dominar o mundo!!! E jogar a culpa na Igreja Católica que anda se aliando às elites para derrubar nós, o povo, os humildes, os simples, do poder.
*** Não percam os próximos capítulos desta saga mexicana***