sábado, junho 30, 2007

Diário da manha II

Retirei este post do blog do Reinaldo Azevedo. Como eu, ele também tem a impressão que o cancelamento do melhor programa da rádio se deu por questões políticas. 

Uma demissão preocupante na Rádio Cultura

Leia duas notas da coluna de Mônica Bergamo, na Folha deste sábado. Volto em seguida:

Ruído
A rádio Cultura vai tirar do ar nada menos que 17 programas. A emissora diz que a medida faz parte de uma "reformulação" que irá priorizar o espaço para a música erudita e acabar com a exibição de anúncios comerciais.

Primeira Vítima
O primeiro programa a ser expelido da programação, sem maiores explicações, foi o "Diário da Manhã", do jornalista Salomão Schvartzman. "Era a maior audiência da emissora e tinha quatro anunciantes", diz ele. "Foi um problema ideológico, mas não me interessa entrar em choque político agora. Eu só queria que a Fundação [Padre Anchieta, que administra a Rádio e TV Cultura] tivesse um presidente, não um dono que retire programas do ar", afirma. A rádio nega o caráter ideológico da demissão.

Voltei
Acho bom ver com cuidado essa história de programação erudita na rádio ou a pregação do “bom-gostismo” na TV. Não se vai educar o ouvido da população — pequena população — por meio do rádio. Não adianta tentar negar o caráter de uma rádio: é meio de comunicação de massa; não é a Sala São Paulo.

Também se pode tentar transformar a TV Cultura numa sala de aula. Como ninguém liga a TV para fazer pós-graduação, o que vai acontecer é suposto excesso de requinte intelectual que ninguém vê, a exemplo de algumas aulas dadas por “filósofos”, sempre de esquerda, que estão lá para explicar o “mundo contemporâneo”, com uma platéia de moços sensíveis e de moças severas, todos muito atentos, cheios de meios-sorrisos significativos quando um Renato Janine da vida comenta, sei lá, a repressão sexual do mundo burguês... Já tentei assistir a uma ou duas aulas. Fiquei tão excitado que caí no sono. E olhem que, pra me fazer dormir, é difícil. Funciona mais do que Stilnox...

É claro que a demissão sumária de Salomão Schvartzman é preocupante. Se foi o primeiro, é sinal de que se entende que ele era o PRINCIPAL PROBLEMA da Rádio Cultura. E eu não acho que fosse. Parece que nem os ouvintes nem os anunciantes. Não sei se foi demitido porque não é de esquerda. O que sei é que ele não é de esquerda e foi o primeiro a ser demitido. Se não há aí relação de causa e efeito, há ao menos uma correlação que mereceria um pouco mais de cuidado.

Eu duvido que a Rádio e a TV Cultura vão virar uma Academia de Atenas. Não vão. Já seria muito bom se não fossem uma madraçal de esquerda. A demissão de Schvartzman não colabora para que venham ser a Academia, mas deixa o sistema com mais cheiro de madraçal.

Um péssimo sinal.

Comente aqui :