Diário da Manhã
Caros amigos da manguaça,
O dia está nublado, não apenas pelo grande número de núvens carregadas no céu, mas porque, assim me parece, também se nublou um pouco nossa liberdade de expressão.
Há vários anos acompanho o diariamente necessário Diário da Manhã, das 08:00 as 09:00, na rádio Cultura Fm, com o fabuloso Salomão Schwartzman e o não menos fabuloso Alfredo. Hoje, pela manhã, fui obrigado a ouvir a triste notícia sobre o cancelamento do programa.
Devo confessar, fiquei atônito ao ouvir que um programa que tem uma audiência de 30 mil pessoas tenha sido cancelado pela diretoria da Cultura.
Num país onde impera a ignorância, o mal gosto, o desrespeito, onde a censura sub-repitícia da esquerda tenta abolir um diálogo verdadeiro, o Diário da manhã era uma diminuta luz no final do túnel sombrio que é a programação da maior parte das rádios nacionais, oferecendo música de qualidade, entrevistas interessantes e uma discussão política de alto nível, sempre com muito bom humor. Resta a sensação de que o cancelamento se deu por fins políticos, vez que, para um programa numa rádio de música erudita, uma audiência de 30 mil ouvintes não é coisa para se esnobar.
Só posso dizer uma coisa; que pena!
Pena para mim, que perdi o melhor programa de rádio, na minha modesta opinião, que servia para dirimir o sofrimento causado pelas longas filas congestionadas de carros no caótico trânsito matutino das marginais.
Pena para as outras 29,999 pessoas que, como eu, ouviam o diariamente necessário programa em busca de um enriquecimento cultural e de um início de dia agradável.
Pena para o Brasil, que perdeu parte de sua voz na manhã de hoje.
Pena para a rádio Cultura FM, que se permitiu semelhante erro de julgamento, e que perdeu, na manhã de hoje, pelo menos este ouvinte que vos escreve.
Salomão se despediu na manhã de hoje deixando uma réstia de esperança, esperança de um outro programa de nível, numa outra rádio. Torçamos para que se dê em breve!