Mais gente pensa como eu
Chafurdando na net achei um artigo muito interessante que traduz de forma educada o que escrevi abaixo.
http://www.ternuma.com.br/villas0715.htm
21 jun 2007
Villas Bôas Corrêa
O recordista de mentiras
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva é cada vez menos assunto para os comentários dos jornalistas incumbidos de ocupar o espaço das interpretações e análises do jogo do poder. Na medida em que se afunda na histrionice de comportamento bizarro, arranha a imagem de compostura e seriedade que a circunspeção do cargo reclama do responsável pelos destinos do país.Da gabolice à potoca a distância encurta na progressão do exagero. Se não bateu os recordes de louvação aos seus sucessos, passou do ponto da imprudência na parolagem do seu programa semanal de rádio. Vale a pena transcrever na íntegra a sentença recordista do elogio em boca própria: “Eu posso dizer ao povo brasileiro, com muita tranqüilidade, mesmo àqueles que são pessimistas ou que querem torcer contra o governo, que o Brasil vive o seu melhor momento desde que a República foi proclamada”. Em que se baseia o presidente para tal fanfarronice? Como nunca foi dado ao hábito da leitura, descarte-se a possibilidade da pesquisa comparativa com os índices estatísticos, desde 15 de novembro de 1889. Nem era necessário ir tão longe. Bastaria informar-se sobre os badalados louros do milagre econômico da ditadura militar, que se proclamou como Redentora e quando de 1969, último ano do governo do general-presidente Costa e Silva até o começo do mandato do general-presidente Garrastazu Médici, a média do crescimento real subiu às alturas de 11,9%.Mas o desempenho de um governo não se avalia apenas pelos números das estatísticas oficiais. E sim pela ampla visão crítica que considere os muitos aspectos da obra, em especial pelos benefícios reais que trespassam a sociedade, em todos os seus níveis. De transparente evidência, como a segurança que tranqüilize a população não só nas suas moradias, mas nas ruas, praças, nos logradouros públicos.Ainda não é o mais importante. O orgulho que infla o peito e sustenta o patriotismo exige o suporte ético, de amplitude nacional. E se o exemplo vem de cima, o olhar do povo mira, desde o alto, o espelho do comportamento dos três poderes.É por aí, presidente, que deveria começar a bazófia da enxurrada oratória. Em que hora desastrada o canário do Planalto soltou os seus trinados: no pior momento, quando temos medo de sair de casa e nem trancafiados entre quatro paredes estamos seguros.Os escândalos brotaram nos adubados canteiros das autarquias, do maior ministério de todos os tempos, com a distribuição de empregos, mordomias, chefias, funções gratificadas, à turma petista, com a gana represada em 20 anos de pregação moralista na áspera fase das lutas sindicais.Não é preciso ir tão longe. Basta chegar às janelas envidraçadas do Palácio do Planalto e espiar para o outro lado da Praça dos Três Poderes. Ali, salvo embaraço de undécima hora, completa-se a farsa da absolvição a toque de caixa do presidente do Senado, o galante senador alagoano Renan Calheiros, do dócil PMDB, que se enrolou em romance extraconjugal com a jornalista Mônica Veloso, do qual resultou uma filha de três anos.O resto é sabido. Saltou a cerca da privacidade com a denúncia de cabeludas irregularidades no acerto das indenizações entre o pai e a gestante, uma trapalhada com indício de maroteiras no levantamento de recursos reunidos para o resgate de dívidas e pensões mensais. O escândalo transborda na ignóbil e ostensiva articulação do esquema do governo para rolar uma pedra sobre o caso, com a absolvição sumária do galã da novela do Senado. Nas arengas da semana, Lula pode comemorar os recordes da roubalheira e da impunidade. Não apenas do período republicano, mas desde a descoberta, em 1500, por Pedro Álvares Cabral.
http://www.ternuma.com.br/villas0715.htm
21 jun 2007
Villas Bôas Corrêa
O recordista de mentiras
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva é cada vez menos assunto para os comentários dos jornalistas incumbidos de ocupar o espaço das interpretações e análises do jogo do poder. Na medida em que se afunda na histrionice de comportamento bizarro, arranha a imagem de compostura e seriedade que a circunspeção do cargo reclama do responsável pelos destinos do país.Da gabolice à potoca a distância encurta na progressão do exagero. Se não bateu os recordes de louvação aos seus sucessos, passou do ponto da imprudência na parolagem do seu programa semanal de rádio. Vale a pena transcrever na íntegra a sentença recordista do elogio em boca própria: “Eu posso dizer ao povo brasileiro, com muita tranqüilidade, mesmo àqueles que são pessimistas ou que querem torcer contra o governo, que o Brasil vive o seu melhor momento desde que a República foi proclamada”. Em que se baseia o presidente para tal fanfarronice? Como nunca foi dado ao hábito da leitura, descarte-se a possibilidade da pesquisa comparativa com os índices estatísticos, desde 15 de novembro de 1889. Nem era necessário ir tão longe. Bastaria informar-se sobre os badalados louros do milagre econômico da ditadura militar, que se proclamou como Redentora e quando de 1969, último ano do governo do general-presidente Costa e Silva até o começo do mandato do general-presidente Garrastazu Médici, a média do crescimento real subiu às alturas de 11,9%.Mas o desempenho de um governo não se avalia apenas pelos números das estatísticas oficiais. E sim pela ampla visão crítica que considere os muitos aspectos da obra, em especial pelos benefícios reais que trespassam a sociedade, em todos os seus níveis. De transparente evidência, como a segurança que tranqüilize a população não só nas suas moradias, mas nas ruas, praças, nos logradouros públicos.Ainda não é o mais importante. O orgulho que infla o peito e sustenta o patriotismo exige o suporte ético, de amplitude nacional. E se o exemplo vem de cima, o olhar do povo mira, desde o alto, o espelho do comportamento dos três poderes.É por aí, presidente, que deveria começar a bazófia da enxurrada oratória. Em que hora desastrada o canário do Planalto soltou os seus trinados: no pior momento, quando temos medo de sair de casa e nem trancafiados entre quatro paredes estamos seguros.Os escândalos brotaram nos adubados canteiros das autarquias, do maior ministério de todos os tempos, com a distribuição de empregos, mordomias, chefias, funções gratificadas, à turma petista, com a gana represada em 20 anos de pregação moralista na áspera fase das lutas sindicais.Não é preciso ir tão longe. Basta chegar às janelas envidraçadas do Palácio do Planalto e espiar para o outro lado da Praça dos Três Poderes. Ali, salvo embaraço de undécima hora, completa-se a farsa da absolvição a toque de caixa do presidente do Senado, o galante senador alagoano Renan Calheiros, do dócil PMDB, que se enrolou em romance extraconjugal com a jornalista Mônica Veloso, do qual resultou uma filha de três anos.O resto é sabido. Saltou a cerca da privacidade com a denúncia de cabeludas irregularidades no acerto das indenizações entre o pai e a gestante, uma trapalhada com indício de maroteiras no levantamento de recursos reunidos para o resgate de dívidas e pensões mensais. O escândalo transborda na ignóbil e ostensiva articulação do esquema do governo para rolar uma pedra sobre o caso, com a absolvição sumária do galã da novela do Senado. Nas arengas da semana, Lula pode comemorar os recordes da roubalheira e da impunidade. Não apenas do período republicano, mas desde a descoberta, em 1500, por Pedro Álvares Cabral.