quarta-feira, abril 19, 2006

Pobre Cidadania

Pobre cidadania
Ives Gandra Martins, Advogado
http://www.ternuma.com.br/igandra65.htm

Os cidadãos brasileiros vivem uma pseudodemocracia. Os sem-terra violentam,diariamente, a Constituição, com o beneplácito das autoridades, principalmentedo ministro responsável pela reforma agrária.Os deputados, que não declararam nem à Receita Federal, nem à Justiça Eleitoral,fantásticas somas que dizem ter recebido como "Caixa 2" de campanha, sãoabsolvidos por seus pares, tendo-se a impressão de que a absolvição decorreude serem peixes do mesmo aquário, conivente e convenientemente agraciados,por terem seus julgadores pecados semelhantes, ainda não descobertos.O presidente da Câmara, pateticamente, informa que a absolvição dos quenão declararam fortunas recebidas, nem à Receita nem à Justiça Eleitoral,é "uma tradição da Casa". O presidente da República esclarece que o quea imprensa denominou de "propinoduto" para seu partido e seus aliadossão pecadilhos a serem perdoados.A Comissão de Ética do Congresso é desmoralizada, pelo simples fato de defenderque parlamentares tenham comportamento digno e opor-se à "tradição" deaeticidade da Casa do Povo.Os cidadãos-contribuintes, entretanto, estão proibidos de ter Caixa 2 oude não declarar à Receita o que recebem, apesar de serem eles que sustentamos parlamentares, os burocratas e políticos que por "tradição" recebem recursos"não contabilizados" e "não declarados". Que malfadada tradição é esta!Quem está no poder jamais é preso, nem sofre qualquer ação da Polícia Federalou da Receita Federal. Quem é cidadão é detido antes mesmo de qualquer processo,por mera suspeita, e recebe, depois, autos de infração ciclópicos.Pesquisas científicas de mais de 20 anos são destruídas, assim como 5 milhõesde mudas de eucaliptos, com a complacência do governo federal. Este nãotoma qualquer atitude contra o troglodita líder dos sem-terra, que dá bombásticasentrevistas, dizendo que tais pesquisas "são semelhantes àquelas que levaramà produção da bomba atômica", durante a 2ª Guerra Mundial! Se não fossepela estupidez da declaração ? deve haver alguma forma de punir a estupidezfestiva ?, o simples incitamento à violência à Constituição, à guerra civil,ao caos, à desordem, à desobediência seria motivo mais do que suficientepara deter esse cidadão, pois é um perigo monumental para a democracia.Quem declara que não pretende respeitar lei alguma, porque "ele é a lei"e continuará a invadir terras e destruir propriedades, porque "ele, somenteele, sabe o que é bom para 180 milhões de brasileiros", só por isto teriaque ser preso, pois sua conduta é enquadrável no Código Penal.Continua, entretanto, assim como seu bando de estupradores da Constituição,soltos e a ameaçarem um governo acovardado de tomar as medidas necessáriaspara repor a ordem e o respeito à lei e à Constituição no país, como, deresto, o presidente prometeu, no juramento que fez à nação, no dia de suaposse.O que mais impressiona é que tal grupo de violentadores, apesar de as pesquisaspopulares demonstrarem que não têm o apoio da população, nunca disputarameleições para, pelo caminho correto na democracia, testar a aprovação desuas idéias. Na verdade, são uma elite ditatorial, tirânica, que pretendever o Brasil dividido entre eles e, no momento, em que tiverem se apropriadoda terra que desejam, não haverá mais terra para os futuros brasileirose para ninguém.A reforma agrária que desejam é apenas tirar a terra de quem produz e passá-lapara suas mãos. São, pois, assaltantes da propriedade alheia. Esbulhadores,segundo a lei. Como a terra é um bem finito, no momento em que ficarem comtoda ela, os "futuros sem-terra" que se danem.Pouco se fala, inclusive, de todo aparato que obtêm das autoridades governamentais,pago com os nossos tributos, ou seja, carros, tratores, celulares, armas,com o que, militarmente, podem organizar todas as invasões ? leia-se todasas violações à lei, à Constituição e à ordem. E parcela ponderável dos queobtêm terras do governo, após esta pressão ilegal e injurídica, negociam-naem seguida, conforme os jornais já noticiaram.É nesta pseudodemocracia, em que as autoridades não defendem a ética, quese autoperdoam das fortunas não-declaradas que transitam por suas contase que não fazem respeitar os direitos dos cidadãos, nem a lei, nem a ordem,que nós, os comuns mortais fora do poder, vivemos, pobres cidadãos sem direitose sem proteção, assistindo a este melancólico desenrolar de acontecimentosem um país que vê seus sagrados sonhos de democracia naufragarem pela mediocridadee aeticidade de seus representantes e da violência de uma "nova classe social",que deseja a ruptura completa da ordem. Pobres cidadãos

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