segunda-feira, outubro 24, 2005

Referendo: algumas considerações

O NÃO alcançou uma vitória incontestável: 64% X 36%. Ganhou em TODOS os estados da Federação. Nas capitais, perdeu apenas em Brasilia (por que será, não????). A maioria da oposição - mesmo os que defenderam o SIM - (acertadamente) "colou" a derrota do SIM à Lula. Até boa parte da base governista também o fez. Agora, causou-me surpresa (bem, nem tanto), o editorial da FSP de hoje que atribuiu à publicidade (ie., à campanha publicitária) a vitória do NÃO; comentaristas da Globo e filiais e outras mídias culparam a ignorância popular. O "versado" Aldo Rebelo afirmou que vitória do “não” é recado para governadores (????). Segundo Marcio Thomaz Bastos, aquele que como Ministro é um excelente advogado criminalista, o referendo "não significou a aprovação ou a desaprovação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva". E (last but not least), de acordo com Luis Fernando Veríssimo, os que votaram “NÃO” são simplesmente "idiotas".

Ora, convenhamos!!!! Como é incrível ouvir aqueles que ainda tentam tapar o sol com a peneira que já está mais do que furada. Esquecem-se, por, sei lá, ignorância ou conveniência, dos seguintes aspectos: (1) há sim um componente de voto de protesto contra o atual governo. Afinal, não somos um país em que podemos nos dar ao luxo de confiar no Estado para nos proteger e durante a gestão Lula, o tema segurança foi devidamente desprezado. Além disso, neste governo, abrir mão de algum tipo de liberdade individual é, no mínimo, temerário. E, por fim, "se Lula é à favor, sou contra", tamanha é a crescente decepção (para não dizer outra coisa) com o atual mandatário; (2) o trabalho de "formiga" de vários ditos formadores de opinião (leia-se blogs e outras vozes) também contribuiu para a "virada" e; (3) também foi um voto de protesto pelo oportunismo (e inutilidade) do referendo e da consequente montanha de dinheiro gasto com mais esta atitude diversionista.

"Era o que tinha a dizer, sr. Presidente".

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