domingo, outubro 29, 2006

Um adeus

Caros amigos da Manguaça, é com pesar que me despeço. Talvez volte a postar, talvez não. No presente momento sinto-me impotente e frustrado, com uma sensação de que a minha realidade deve ser falsa.
Nenhuma pessoa que eu conheça votou no revoltante mollusco, no entanto ele foi eleito com mais de 60 % dos votos populares. Talvez eu realmente faça parte da tão conspiratória elite intelectualizada e todos nós juntos formemos uma minúscula gota sensata nesse oceano imenso de uma massa inerte, insossa e mansa.
Apesar de estarmos todos indignados, e acredito que possa falar por todos, a maioria decidiu que o Brasil deve permanecer sempre como o país do futuro, aquele país que um dia, que ainda está por vir e sempre estará, será um país de primeiro mundo, uma grande potência.
Pergunto me se não estamos no lugar errado, no momento errado. Será que, em vista da opinião tola e contraproducente que parece atacar todos os povos latino-americanos, desse amor ao populismo e aos ditadores fuleiros, não seria o caso de simplesmente partirmos? Não somos bem vindos, iríamos sem causar alarde, sem fazer falta (salvo se considerarmos que provavelmente somos nós a maquina motora deste país, mas isso não vem ao caso).
O Brasil não compreendeu uma coisa muito importante. Os menos afortunados, monetariamente e, creio, intelectualmente, acreditam que o governo que não seja “popular” é um governo das elites, dos riquinhos. Ora, eles hostilizam o dinheiro, ao invés de ansiar por ele, por uma melhora de vida, por uma melhora das condições econômicas do país. Um país que trata assim o dinheiro nunca vai se tornar uma superpotência.
Há alguns anos li uma crônica maravilhosa do agora deputado estadual, João Mellão Neto, na qual ele comentava sobre essa diferença de pensamento. Aqui no Brasil, é muito comum que pessoas depredem carros de luxo, como o Mercedes-Benz. É muito comum quebrar a estrela, riscar a lataria, enfim, tentar depredar o que não se pode ter. No entanto, nos Estados Unidos, é comum que, quando um indivíduo tem um carro especialmente caro, as pessoas se alegrem por ele, e o tenham como um exemplo na sociedade. Alguém que conquistou algo que, possivelmente, todos desejam.
É essa falha de caráter nacional, uma espécie de inveja coletiva associada à busca constante pela vantagem sobre o outro que nos faz ser o que somos, e que, provavelmente, sempre seremos.
Nunca me senti tão distante do povo como neste momento. Percebi que realmente não faço parte dele, estou distante, numa realidade paralela, e não sei se gostaria de viver num lugar assim. Sinto-me estrangeiro em meu próprio país.
Agradeço a companhia maravilhosa de todos deste blog, e desejo a todos um feliz dia das bruxas, que está aí, virando a esquina. Felicidades e que a esperança, em vocês, nunca morra!
Um abraço amigo,
Hans Schultz

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